Nenhum soneto

Mestres retiram de ti os teus tatos infantis
São sonhadores impotentes e definitivos
Livuzia... não se usaria essa palavra e fim?
Não tive mestres, uso sem ter nenhum motivo.

Os tropeços e os grunhidos que me visto
Cambaleante, calças-curtas em motim
As palavras pequenas grades em que trisco
Quarto obscuro de desordem, enfim...

Trocaria desajeitos que me ferem
Desejaria pôr então outras palavras
Só depois de lograda a experiência

E conhecendo, assim, obra de mestre
Inconteste às volúpias que me lavram
Não me arrisco a terminar este poema.
Frustração

Os frutos que caem podres
ao fim da temporada,
belos acontecimentos

O problema é quando eles pecam.

Temos que comê-los.
Enquanto há paladar.

O problema é quando eles pecam
Pressentimento

Boas luas
da minha vista
A maré transborda
Os peixes não vêm a margem
Os peixes ficam longe
E com maior volume
temperamento difícil
o mar efervescido
renegado à brisa má
Os pecadores lançam suas redes
às grandes ondas do desconhecido.
Silêncio, a casa está vazia
no eco que a cozinha faz
do barulho dos metais
vejo uma fuga à pradaria

O longo verde dos meus ais
é um robusto caso de avaria
de quem de si pouco sabia
e deseja o céu, o cais

Mas, Confúcio e os ancestrais
a mais antiga das cantigas
é a tarde que não volta atrás

da tranqüila tradição da vida
ao instante que me atrai
a confusão sob medida
há alguns dias
ouço a voz de uma moça em mim
sussurando algumas palavras ternas
ela diz em voz tão mansa
que o desejo da terra
é dança

Assim, do tema que faço...
Sem querer, um dia...
Me pegarei pensando em você...
E minha cadência...
Talvez, esteja...
E meu pequeno poema de ilusão se faça...
E do beijo que não consigo suprimir em mim...
Ai, sim... hei de desejar...
Amar...
Que isso é o que me basta...    

Meu amor... de um tempo que esqueci...
Não me lembro... 
há em tudo um perfume que desconheço...
Você em um pergaminho de lágrimas...
E a terra a soprar palavras sobre mim...
Como o meu contentamento...
Que há em ti e mereço... viver de esquecer...
Pois, do que não mereço, nem tento abarcar, desconheço...

Você, instante suave que me puxa.
Sei que não posso te acompanhar.
Pois, de onde estou você me zomba
E na inconstância das horas
que eu me iluda.    

Dou-te uma flor, bela
O que ornamenta o seu contexto
Do espinho à graminha que há no chão
Tudo não passa da mais deliciosa ilusão
Porém, meus olhos que a contemplam
E a fina vertigem que beira minha alma...
Ah isso sim..  é tudo...
E a paisagem, sem você, como diria Tom Jobim:
É nada...              

O tempo e seu aspecto revolto...
Nada tem de miserável
Na sua impetuosa ordem...
Ele revisa e reflete as inclinações...

Em sua desordem, parece que se engana?
Rá... dê racionalidade ao tempo...
E tente se aliar...
Eis o que minha ordem promove...

E mesmo a minha mais imperfeita pretensão...
Sabe bem o que digo!

Daí a pensar, o que é um tempo de tendências e lassidões 
com a inteireza ordinária me faz refletir sobre a singeleza da eternidade. 
A minha mais perfeita pretensão!             

Eu queria tanto...
Fluir... amar... em zelo
E nada esperar...

Eu queria tanto
Voar... feito passarinho...
Como faço ao sonhar

Eu queria tanto...
Amar uma namorada
E nada me preocupar...

Não sinto ciúmes
Não sinto nada... na verdade
Apenas a tensão por esse verso estar fora do lugar...

E da louca que me volta...
Sou um trouxa que esnoba
A volúpia das horas... é nada...

      

É um jogo
E como tal, fruir
Torno um começo, meu começo...
Sincope com baladas e sucessões
Meu continuo é valsa
Lua nova e devir
Em todo anel carregado de estrelas
Fluir...         

Um dia aprendi que a vida
basta a si.

Como nuvem
ela vaga
e consome-se em chuva

Quando é bruma
cai pro serro
como pluma.

E no palito
parece um algodão
de açúcar.

Ora, a vida cai em si...
Mesmo quando turva...
Ela sucumbi...      

O que pinta todas as minhas sensações
É caminhar sob a banalidade e ver
Doido, que as passagens são menores
Do que toda vastidão do horizonte
E suas ornamentações de cores
O vago crepúsculo, doura
A mim e a ti como uma só coisa
E coloca em mim o gosto pelos vendavais
Como forma em tudo que satisfaz
Teima em minha pele seu sabor
E louco, deixa que minha pele
se transforme em cor
Como passagem que me atrai
E retira de ti essas coisas que me torna
Um único zelo, teu beijo e teu sorriso
Que persigo no transpassar a terra
Pra o outro lado de lá.
E antes que minha teima venha a existir
Eu torno como pingo no chafariz
Em vontade e consciência de ti
Que nunca me deixa em paz
Mas, que me ama como a louca da varanda
Que sempre quer sonhar
E nada mais.

Novamente tornei-me em máquina
Antes de mim, sou um torneio de posições
Ora, a raia da maternal festividade
É um pequeno floreio de samba
O que torna a vida humana, humana.

Ele soube retirar do tempo
a lastima.
Introduziu o temperamento
de estrelas e assim...
Como um tropeçador
deu uma ternura 
em troca um sopro de amor
como inocência
o tempo rompe
em inferências e fome.        
Senti meu corpo vibrar
como anátema
da desilusão que vivi
durante toda vida
tento voltar à infância
e minha alma amiga
deslisa como onda
um marear de signos
de ilusões e voltas
como a dor que renega
a minha língua
e o fremitar
em minhas exasperações
senti o corpo vibrar
e louca a pulsacão do mar
em mim e ti
dou um colarinho de nuvens
ora, e a sombra é meu cantar
como as luzes.

Saio de mim para ti e tudo me fascina!

 

Em todo céu aberto
há perdido em penas
uma pequena ilusão
que se chama passarinho
ele é pequenininho
e parece um coração
a’pois, se não podia
dizer que esse bichinho
por cantar e ser do ninho
com o tempo de esquecer
poderia surpreender
e atinar para a passagem
que num cansa de calar
pois, canta passarinho
por que só sabe cantar
que o vôo que soletra
já nem é sabedoria
ele é feito em ventania.        

Queria ser feito um querubim
Em que todas as tensões
existissem dentro do meu coração
como luz fulgente e emaranhada
como a romper a alvorada um laço singelo
não restringisse meu gesto, em nada.
Então, sobre o solo da mãe terra
Lograria cantar, pelo tempo, pelo ar
Como flor e primavera
Cada dia tem um sol a pestanejar
Uma corda a dourar
E tua voz que me arremata.
Sou nada... e tenho em mim....
Sonhos, poemas e a mansarda
Como repuxo que estala
Vibro a dança e a fala.



Meu corpo...

Como sonhador 
de pesos e derrotas
afinal, quem já provou
sabe: o quanto isso revolta?

Mas, o corpo liso,
só precisa fazer das saudades
um jasmim...

 

O sínico se meteu em mim
entre meu riso
e ri
da queda alheia...

Antecipar essa delícia
e colocar um véu na cachoeira
nos degraus
da minha desordem...

Um labirinto que canta em soluços
é onde minha alma move
seus silêncios e recintos
mesa.




     

sonho amor que não me deixe
ou nunca me encontre
que esteja a espreita do elo
a soprar constelações em meu ouvido
a mangar de mim.

Assim, vago, sou a eternidade
Ora, por que lamentar daquilo tudo que fui
Mesmo, quando tornei você pura sombra
Ora, não me importei duplamente com a sua existência
Deixando que ela fosse mesmo o meu tempo
A minha completa ausência
Assim, singelo, sem lamentar
Corro apenas pelo desejo de existir
Ou clamo, louco e aproximado do deserto
De mim, que hora se basta e hora insisto em completar
Em ti.
Ora, como posso desistir de te ver sorrindo
Se a tua imagem, mesmo vindo de ti
Me provoca um prazer do infinito.
Pois, sou um melhorzim, quando vejo-a feliz.
Sem resistir.          
As prendas duras do casaco
são botões, vez em quando o tato
confunde, em seu barato, com anões.

Ai, ai, ai... ao som dos afogados
seja o mar, um grande estômago
e a relva uma ornamentação alvelar
ó dolores, moça minha, quantas vezes hei de te amar...

e ao final de todas as extravagâncias
custa nada, uma dança
para fazer o espirito animar
ora, quanta dor estranha, o amor
e doura a pele ao seu favor,
mas não pode um pouco acalentar
deixa que a solidão ornamente teus passos
e nenhuma lágrima vai te visitar...        

Pensei em meu amor
assim, sem porque... estava lembrando...
E, ao lembrar, tornei-me em chuva
como corredeira alegre trilhei montanhas
riachos, córregos, pedras, ondulações
e terras distantes...
Logo a fibra da minha memória
arrastou impérios e sensações
pela vertigem do que eu chamava de planeta
minha casa e, na verdade, somente parecia corpo
fluido e louco, que permanecia
que me dava a sensação de qualquer permanência
no entanto, sobre uma ordem "qualquer"
um coisa chamada "eu" imperava
como se tudo que havia, resumisse
a essa perspectiva... Ora, estava errado?
Não tanto, pois, de um instante a outro...
sou eu, somente esse louco...
Ah... já esqueci...
de quem? De mim, de você...
Mas, volta e meia, volta um sonho
que faço do "enigma"  - essa palavra análoga a si mesma
quer dizer, carregada de mistérios e concatenações
que me refulge de estilo e me faz sentir um pouco de outras coisas...
O que era mesmo aquela serpente, patrona
com cabeça escondida nas pedras?
Não sei, não quero saber, não tenho raiva de quem sabe...
Ah... não tenho raiva... não tenho raiva... não tenho raiva...

isso basta...
Lembrei de você e não posso deixar de soletrar esse versos que amo
E a saudade que te alcança... é uma vontade de te ver que me sai...
maluco cuco
maluca cuca
me escuta
me escuta
meu amor
as suas únicas
palavras que me assustam
ai, maluco cuco
ela é maluca cuca
e eu, aqui sozim
sem saber que longe, muito longe
olha que alguém prezava por mim
mais eu, assim, sozim
fiquei devagarinho
um homenzinho, tão mau, tão vil
por que meus pensamentos
mesmo sendo limpos
pois que passam, somente passam
e descem sobre as folhas, as matas, o pirarucu e toda passarada
são meus pensamentos, feito de cordilheira e densa água
ai que marear de estrelas, que me mata, que me mata
e eu de tango pensar
maluco cuco
ela de tanto me amar
maluca cuca
e o muco do astuto
que escreve essas palavras
parece com a torção
da abelha que me ferrou
e nem doeu, que nada, que nada...
abelhinha era a minha perdição
hoje vem dormir comigo
e me lambe com  ferrão
só por sua diversão
deixo ainda ela escapar
pois assim não tem nem graça
já pensou se ela estupora
ficaria com uma pena
da pequena que de tanta paixão
pela febre das flores
pela ordem da colmeia
é capaz de se lascar
só com uma ferroada
pense em tanta lealdade
foi feita pra carregar
o pólen de um lugar
a outro lugar
que importa se cair
um pouquinho pela terra
dessa coisa que me arde, que me arde, que me arde...
que não cansa de arder, somente quando estou contente
com a tarde, com a tarde, com a tarde...
que chega, ai se chega...
qualquer hora em que esquecer
das saudade, da saudade, da saudade
que eu sinto de você
que me arde, que me arde, que me arde...              
  
Coisa, deve ser algo que alia-se ao sentimento.
Gente, como não pensei nisso antes...
sim... em gente.
amo, amo, amo.
uma vez basta...
não, repetir, repetir, repetir...
até torna-se em selo...
de carta?
sim. de carta.
a ti endereçada.
Amar você cansa, minha terra querida
que sozinho, estou ó vida, ó partida
que da tela que me revela a saudade
penso só na tempestade que me arde, me arde

seu gesto já não é mais feito em lida
ama onda, sua coragem fina particula
que me esguia, numa curva numa tarde
quando a ponte do que parte, do que parte

Aí se meus versos fossem feitos de emoção
restaria, em mim um coração, para dar-lhe
só sobrou uma vontade, mas meus olhos...

do que desejo, não vejo, sou feito cego facão
que não corta, só rossa o vento e olhe
se, de tarde, digo ah, é por que ainda me lembro...

da saudade, da saudade... nem de ti, que só me arde, só me arde...
brrrrmmmmlblblblblblblbl.....  

Ai, que dor, que dor, que dá.
Dormir e sonhar com você
e sozinho acordar.
Ai, que dor, que dor que dá.
Serena, ó lua, ai que dor
Meu Vesúvio... expressão em desuso?
Ah... deixa pra lá...
Ai, que dor, que dor que dá.

  

Quem é você que tento abarcar?
meu fim ou meu começo
sempre penso que não te mereço
pois, estou a um passo de deslizar
e de tantas quedas, fincou
apenas uma forma singela e tênue
uma corda que pouco anima as constelações?

Que é você que tento abarcar?
Uma mulher, uma dança
um corpo, ou uma mudança
que há no passo, no breve tempo
em que toda canção retorna a tensão
primordia?

Ver você, não vejo, não toco
não ouço, não cheiro, gostaria de
sistematicamente lamber tua pele
não posso, corro e sucumbo
em ti, a distância que me retira do seu leito febril.

Essa febre que me domina e que te anima
que salpica em minhas esperanças
a distância transformada em ânsia
e um desejo continuo de me religar
por qualquer ponte que estreita, seja
tento passar, pela porta, pela brecha
mesmo que rastejante esteja
a minha busca não cessa
dispenso, até mesmo o estilo e a síntese
para poder conviver com um breve espasmo do seu fino hálito de rosas...

Pois, ora, quem é você que tento abarcar?                
           
   

Quando ela me pensa, a lua
outro mar de sensações me envolve.
Fico daqui me perguntando como ela é...
A sua pele, a sua superfície que desconheço
fico me perguntando se teu brilho
que figura na ordem do reflexo solar
não é uma mera enganação da minha visão
pois, radiante, com sua forma elíptica
bem que ela, por simples e afeita
à ilusão de estar conectada à terra
também tem em seu centro uma vertigem das estrelas
as amáveis solidões de quem brilha
soletrando pingos de venusianas correntes.
Eu sinto. Quem mais será que sente?            

Tornei-me em máquina
para o meu desespero
escondo meu zelo
e percorro o véu 

de minhas esperanças
nas tuas danças
ou na louça antiga que balança
e teima topar na parede
tomba com o vento
belisca meus ouvidos, num lamento
dum fastio que resvala em suor  
e desfaz-se em nenhum sentimento...

Meu corpo, ando e sinto
como símbila e marear
posto que a fonte embaraça no tempo
ai de nós, senão o tormento
devo cantar, o beijo
meu desespero é ver tal dezembro chegar...

Numa cantiga feita de pedra
tento alisar com esmero as palavras
que minhas emoções já não significam nada
por isso esse poema não vibra, só cala.    
     

  

Estava deitado em minha cama
cozia um trapo e tomava a sua altivez
como a melhor vertigem dos dias

Ela aparecia e serenava, meus olhos brilhavam
e daquilo que não sou capaz, sonhava

Uma canção estava feita em partilha de mim e ti
ta-te, ta-te, bate a mão, bate, um abraço pra dormir

Sonhava apenas e amava teus olhos negros
que tornavam minha feição mais bela

Ai se minha ternura alcance suas mãos...
tomaria qualquer desonra por finuras
Deixaria todo mar... que importa o mar?
se teus cabelos nunca hei de afagar

Pois que o penteio com fina escova e carmim
em teus seios, zombam de mim, ai se zombam

Meu corpo, meu elo, meu desvelo...
não me precavejo, posso aprender a amar

Dia desse, um café, desenhos, palavrinhas tuas, minhas
E o que você guarda dentro de ti, vindo dos seus olhos...

Espero, enquanto estimo, tento estimar
a tarde que cai.    
O que sou? Vento, antes diria malgrado o erro reconfortava-me tomar nos cabelos a brisa e sonhar, bastava sentia o véu no tempo de luzes era menino e me tombava só conhecia a primavera e o presente foi aí que lembrei daquele redemoinho já havia visto repteis, vampiros, ondas e cruzeiros em todo marear de sensações mas, o avant do vento sobreposto ao selo de uma incerteza lançada na atmosfera de poucas palavras confluiu para o meu mais temível pensamento era um sério, acumulado em consciência um instante, rebento e maior novamente era uma primeira estrela com uma sensação da impiedade marcada vida da cruel ilusão dos tempos da vagueza somática dos espaços da incerteza re-condicionante das palavras da simples reinvenção através dos eventos da natureza, do espirito do homem, e nada mais. O meu olhar caiu sobre meus ombros Com a vergonha e o complexo de um pai Como a vertigem de um despenhadeiro Ando contando os meus passos, nada mais. Essa firmeza com que piso ao mesmo tempo É uma certeza de que nada sou ou será Tenho-a plena, por que nunca me há sossego A paz é uma lavra que continua por tormento Quando ao espirito, em sumo consciência Deseja mesmo, de verdade, não ver o vento Mas fabricá-lo ou dominá-lo e brincá-lo Como um fluir a forma e atravessar o nada mais.
Dilema
meu poema
não finda
e meu poema
tem um fim
não em mim
e não em ti...

Repara
a tarde que cai
e não volta mais
só repara
no azul
que desata em noite
e hoje
não é mais

só repara
no vento
que suavemente
torna o cabelo
em relva
só repara nos olhos
ou melhor
no brilho
e nos olhos
e nos cabelos
e na fonte
e nos montes
e no torpe encontro
que nos espera
 que das era
não há de sobrar
nem mesmo o azul
que é lindo
e vasto…
como um cú

Rima perfeita
assim finda
esse poema.

Ó minha amada
Suvenir que entrego a ti
Compro uma sandália,
um brinco, uma anágua de pérolas
Para que sua sensual espera
se refaça na minha queda
Meus joelhos feito em zelo
em seu ventre de eva
que meu beijo alcance o tornozelo,
com um feixe de ervas,
doces ervas que salpico em tua perna
e tombo os dedos
e o segredo se desfaz em primavera
e segurando suas mãos
ai, meu deus, como me encanto
de uma possível paixão,
de um segundo que me deixou feito louco
e que não pode existir
trocaria toda a eternidade por ti.                     
quem é que escreve em minha pele
a dor
quem é que ler as minhas angustias
o amor
e quem é que me descreve como a porta que abriu para a minha solidão entrar?
Cora o rosto, minha paixão
ó, doce ilusão é desejar-te
como sombra quero estar
mas, minha luz neste lugar
é ter você tão linda, tão bela
minha pequena, minha poeta
minha, minha, minha
não a sonoridade que finde
este amor que me ilumine
este amor que te ilumine
como estrela a brilhar.

Então, do peito corre a madrugada e o vento frio...
Por que o que acontece, acontece em meu peito.
Antes de elo e a lascívia da minha boca, a tua
sinto um corrimão de estrelas
e eu a deslizar como corrente em tornozelos
que prende o selo e o desejo
mas que retorna 
e toma a boca e o carneiro do pitéu 
de algo que já era
ora, o pecado, no ato é uma perspectiva
pois a centelha divina é viva, 
ai como é viva e linda.


Douro palavra 
com um termo que naufraga 
ou nada…

O homem disse e me encantou
com seu trabalho que tardou
e meu desejo que findou
por seu beijo que não aconteceu
da forma que minha imaginação 
pensou.

Refaço minha rima, 
quanto desejo, menina
quanto desejo
é somente o que me anima
a lida, o sonho, a sina.


Musa 
que não sabe a sensação 
da luva
a minha mão 
assusta
ela é astuta
e na tua 
vulva
nem ais, 
nem curva
como interromper o caminho da saúva
a curva, a curva, a curva…
o caminho, a estrada e a chuva
enchorrada 
a que me curvo
o uso, o beijo, o abuso
sou um palhaço 
no mundo       
Entre meu primeiro passo no mundo
e meu segundo, estive só
tão só que pude perceber
que meu delírio, único e interminável
na inconstância dos mundos
cabem num instante.

Houve tempos em que duvidei
e em ti, rabisquei a primavera
e soletrei um todo de esperas
já estava correndo nessa era
e meu terceiro passo foi um salto
para encontrar com a pessoas mais bela
que o verão e as outras duas estações
podem promover na terra
que tem apenas essas, ah... apenas essas...

Que coração cheio de incertezas é o meu
que passeia pelo seu e toma um quarto passo
um coração, não preciso de invernos
ele sonha em ser a constância de algo
que definimos e destruimos ao fazê-lo
mas que é todo por inteiro
quando nosso zelo encontra uma canção.

Ai meu deus, como posso não pensar em ser irmão
no entanto, sei da insuficiência dessa rima, desse ritmo
que uso apenas por faltar algo em minhas mãos:
teu rosto, teu corpo, teus cachos, teu começo
meu outono e todas as folhas que marcam os instantes da terra
com uma precisão invejável
ah... como sofro de uma solidão quimérica
mas, você com a sua severa e honesta dona
me tomam, e minha gratidão é perceber
que a brisa... ah... a brisa...
é o seu rosto em minha imaginação.
           
            
Somente o Tempo regra as constelações
vemos o rosa, o verde, o salmão
quando peixe deixa de ser
e se transforma em cor
ai, que era a minha mais formosa ilusão
deixo-me correr pelas formas e afecções
como uma delícia, como uma lambida
e prevejo a minha saciedade
de tudo que me arde
refulgo de mim mesmo
meu menor e maior
alucinadamente tornando-me um
sonho com as possiveis passagens, viagens e loucuras mil
ora, ora, não faço a mínima ideia do por que
mas tenho certeza que nasci no Brasil
cheio de graça, adoro o samba... é isso!
adoro o samba e o carnaval! é isso!      
Simplesmente sentei na rede e me arroguei de ser algo mais do que sou, gente.
Perdir-me, mas sei que tenho o sempre. não quero, não desejo este tormento que me entento em ser ausente, não, isso mesmo sendo um tempo quente, um tempo existente no universo, tão infinito eterno, sei que sou um pequeno e modesto homem moderno e penso em ser honesto, mas, não nego, meu ego não me defende e meu passo ao mesmo tempo me surpreende, fraquejo todos os dias e vascilo as minhas têmperas, que desconheço em tanto tropeço. louco recomeço, tenho certeza, nãpo da beira da insenta incerteza, mas da beleza.  
 o silêncio
que atormenta
é aquele quando ninguém
lembra da gente

assim a natureza nos almeja
com a rudeza de seu arbítrio
ela canta fonemas seus inanimados
com ares de orquestração
de uma lagoa 
planando a canoa em seu leito
o homem bóia e a água coa
pelas horas tudo volta
e tudo a toa
o silêncio aproximado das lagoas
é a lembraça que me aquece...






breve

Neste eixo mimético que persigo
foste sombra do par que me iludiu
alegro dos pequenos sorrisos
e teus belos aforismos me partiu

De posse em carreiras circundantes
que tome o pecado outros mares
quem se lembra das canções de antes
de um tempo em que os pomares

ofereciam figos a sorver lamurias
e os sorrisos surtiam paixões
sofrendo apelos dos bons corações

vivido a face, sem qualquer injuria
e o vagar do vento em céu aberto
leve som que arrematava o incerto
Ora, não somos
seres rastejantes
quimeras antigas
experimentando
uma forma elegante?    

Paulo Tiago dos Santos

Nascido em Vitória da Conquista, "carrega água na peneira" desde pequeno, de 1900 e... esqueci...

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